Abre-se um
jornal local e não se consegue ir além da leitura de algumas cartas de colaboradores,
das notas de falecimento (coisas da idade!) e uma ou outra notícia regional.
As matérias
globais acabam sendo as mesmas que você irá ler nos jornais de maior porte, apenas
com a mudança nos títulos e alguma pequena alteração na redação do conteúdo.
Essa pouca
atenção dada ao conteúdo da maioria das matérias, especialmente sobre política
e futebol, é fruto da observação da tendenciosidade que norteia esse trabalho,
que ainda não se entende que objetivos tem ou que pode estar sendo pago por
quem.
A impressão mais
nítida é a de que as redações estão atopetadas de pessoas com tendências
ideológicas em queda, mas que não se conformam com as experiências malogradas ou
com a redução de acesso às tetas da rês pública.
A mais famosa equipe
de futebol da cidade vive com certa constância um vaivém de jogadores e de
técnicos, num movimento que sempre deixa dúvidas a respeito sobre o interesse de
quem esteja envolvido. Há algumas semanas sem treinador, sai-se a campo buscar
um substituto e chega-se a Portugal, que é de onde vem o novo técnico do time.
Entrevistam-se jogadores brasileiros no exterior, ex-comandados desse
profissional e os resultados nos parecem muito bons; há expectativa de sucesso,
mas amanhece-se o dia com o seguinte título: “Tabu é desafio para Jesualdo
Santos”. Afinal, o que se quer? É começar a levantar polêmicas antes de começar
o jogo? Antes mesmo de ele ser apresentado à equipe? Ou o que falta é
capacidade para criar matérias sérias para ajudar a vender o jornal?
Vai-se a área de
política nacional e o que se vê são os dentes dos cães hidrófobos fincados no
calcanhar de um presidente que tem menos de um ano no cargo, tentando tapar
rombos no casco e manter navegando uma embarcação infestada de cupins e saqueada
por piratas insaciáveis.
No jornal que já
foi referência em qualidade, mas que decai a cada dia, a manchete é “Desigualdade.
Dois Brasis. Desigualdade aumenta e Norte e Nordeste ficam ainda mais distantes
das outras regiões do país”.
Embora se saiba
de antemão que a manipulação começa aí, insiste-se em esmiuçar o conteúdo para
confirmar a faceta.
O primeiro
exemplo de cidadão em dificuldade é vítima da recessão que assolou o país entre
2014 e 2016.
“Desigualdade.
Dois Brasis. Desigualdade aumenta e Norte e Nordeste ficam ainda mais distantes
das outras regiões do país”. Nem é preciso que se vá mais adiante nesta
explanação para que se entenda a imoralidade profissional que campeia nas
redações dos jornais.
O título: “Dois
Brasis. Desigualdade piora e Norte e Nordeste ficam ainda mais distantes do
resto do país”.
O conteúdo: “Um
estudo de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que a distância
entre as regiões brasileiras aumentou nos últimos cinco anos, como consequência
da recessão”.
A maioria dos
leitores, já cansada do conteúdo manipulado, assoberbada ou com preguiça de
ler, acaba sendo conduzida pelas manchetes que – reitero – mostram a irresponsabilidade
profissional que grassa nas redações da quase totalidade dos jornais
brasileiros.
Aí, então, os “trabalhadores”
mantidos com o fruto dos desvios sistemáticos do erário, são pagos para
buscarem essas manchetes e fazerem delas propaganda contra o país nas redes
sociais.
Carlos Gama.
26/12/2019
12:07:07
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