Recebi nesta
manhã a cópia de uma mensagem de questionamento, enviada pela ONG Amigos de
Santos à empresa Rumo, que é a concessionária de doze mil quilômetros da malha
ferroviária brasileira, abrangendo os principais pólos produtores e portos do
país.
O desmembramento
e a privatização da malha ferroviária federal é assunto antigo e não cabe aqui
questionar a sua validade, mas o que nos incomoda neste momento é justamente a
ampliação dos prazos de concessão – agora até o ano de dois mil e cinqüenta e
oito – sem que a empresa (financiada pelo BNDES) cumpra com o conteúdo dos
contratos firmados na hora da concessão; dentre eles a reativação da linha que
interliga o Porto e a Cidade de Santos ao Vale do Ribeira - transportando carga
e passageiros -, linha esta que funcionou com eficiência e produtividade até o
desmembramento e privatização da rede ferroviária no final da década passada.
Cada vez mais, a
facilidade das comunicações e a disseminação das notícias têm sido usadas, e
bem usadas, para “fazer a cabeça” dos cidadãos movidos por excessiva boa-fé,
especialmente aqueles que se lançam de forma atabalhoada às ondas de apoio aos
detentores permanentes do poder instituído, que também são levados por
promessas, estatísticas e interesses outros.
Interesses
outros que englobam vaidade, ânsia pelo poder e assuntos pessoais que se
arrastam também pelo campo econômico e por sua sobrevivência futura e de seus
apoiadores profissionais.
É nesse último
campo que a guerra é travada, em detrimento dos interesses do país e de seu
povo como um todo; a história contemporânea nos vêm mostrando isso com dolorosa
clareza.
É natural que as
empresas que manipulam o capital – especialmente o do erário - tenham interesse
apenas pelas estatais mais lucrativas pois é a lógica, a mesma lógica que falta
aos governos ao entregarem quase de mão beijada o patrimônio público lucrativo
e ainda financiarem a aquisição e até alguns pretensos investimentos.
Entrega-se o
patrimônio, ainda que não seja a troco de bananas e esse capital, usualmente
mal versado, desaparece como água na bateia, enquanto o ouro continua a
engordar permanentemente as contas bancárias e até novas aquisições pretendidas
por seus acionistas.
Falta-nos um
tanto de amor à pátria, para defendermos especialmente as galinhas dos ovos de
ouro que, quando não vão para a panela, são trocadas por outras, comuns, em
feiras de finais de semana.
Há que se
questionar permanentemente e com a veemência necessária a entrega costumeira do
patrimônio público a terceiros e a seus defensores, conduzidos por segundas ou
terceiras intenções.
Afinal, qual o
verdadeiro interesse em transferir para a iniciativa privada uma empresa
estatal ou paraestatal que historicamente e por lógica só traz lucros?
Infelizmente, o
que se têm visto nos últimos cento e trinta nos, é a mesma prática de saque ao
erário, seja com a mão esquerda ou com a direita, pois nessa hora parece que os
interessados – com maior ou menor habilidade - são todos ambidestros.
Santos, 06 de Junho de 2020
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